Um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Zona Norte do Rio.
Ainda não há informações sobre as causas do fogo; ninguém se feriu, mas a maior parte do acervo foi destruída. Instituição tem 200 anos de história e foi residência de um rei e dois imperadores.
O palácio já foi residência da família real brasileira e abriga o Museu Nacional, que é a instituição científica mais antiga do Brasil (Foto: Reuters/Ricardo Moraes) |
O fogo começou por volta das 19h30 deste domingo (2) e foi controlado no fim da madrugada desta segunda-feira (3). Mas pequenos focos de fogo seguiam queimando partes das instalações da instituição que completou 200 anos em 2018 e já foi residência de um rei e dois imperadores.
A maior parte do acervo, de cerca de 20 milhões de itens, foi totalmente destruída. Fósseis, múmias, registros históricos e obras de arte viraram cinzas. Pedaços de documentos queimados foram parar em vários bairros da cidade.
Segundo a assessoria de imprensa do museu e o Corpo de Bombeiros, não há feridos. Apenas quatro vigilantes estavam no local, mas eles conseguiram sair a tempo.
As causas do fogo, que começou após o fechamento para a visitantes, serão investigadas. A Polícia Civil abriu inquérito e repassará o caso para que seja conduzido pela Delegacia de Repressão a Crimes de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico, da Polícia Federal, que irá apurar se o incêndio foi criminoso ou não.
Falta d'água atrapalhou bombeiros
Foto mostra a tentativa de conter o incêndio no Museu Nacional no Rio de Janeiro (Foto: Reuters/Ricardo Moraes) |
Bombeiros precisaram pedir caminhões-pipa para auxiliar no combate ao incêndio. Segundo o comandante-geral, coronel Roberto Robadey Costa Junior, a falta de carga em hidrantes atrasou o trabalho em cerca de 40 minutos. Foi necessário retirar água do lago que fica na Quinta da Boa Vista para ajudar no controle das chamas.
'Tragédia', diz diretor
O diretor do Museu Histórico Nacional, Paulo Knauss, considerou o incêndio "uma tragédia". À GloboNews, Paulo lembrou que o museu foi residência da família real e sede da 1ª Assembleia Constituinte do Brasil."É uma tragédia lamentável. Em seu interior há peças delicadas e inflamáveis. Uma biblioteca fabulosa. O acervo do museu não é para a história do Rio de Janeiro ou do Brasil. É fundamental para a história mundial. Nosso país está carente de uma política que defenda os nossos museus", afirmou Paulo Knauss.
Falta de verba e reforma
Apesar de sua importância histórica, o Museu Nacional também foi afetado pela crise financeira da UFRJ e está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido, segundo reportagem de maio do Bom Dia Brasil de maio deste ano.A situação chegou ao ponto de o museu anunciar uma "vaquinha virtual" para arrecadar recursos junto ao público.para reabrir a sala mais importante do acervo, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata. A meta era chegar a R$ 100 mil.
Dois séculos de história
O Museu Nacional é uma instituição autônoma, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro e vinculada ao Ministério da Educação. Como museu universitário, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem perfil acadêmico e científico.O museu contém um acervo histórico desde a época do Brasil Império. Destacam-se em exposição:
- o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizada de "Luzia", pode ser apreciado na coleção de Antropologia Biológica, entre outros;
- a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I;
- a coleção de arte e artefatos greco-romanos da Imperatriz Teresa Cristina;
- as coleções de Paleontologia que incluem o Maxakalisaurus topai, dinossauro proveniente de Minas Gerais.
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